Ocho7ocho | um bar clandestino

Speakeasy. Ainda que o termo tenha surgido na década de 20 nos Estados Unidos para designar os estabelecimentos que vendiam bebidas alcoólicas clandestinamente, contrariando a Lei Seca, hoje carrega um significado muito mais light. Agora, speakeasy são aqueles bares de fechada discreta ou inexistente, que constrói sua fama apenas no boca a boca dos trendsetters. Um destes seletos lugares de Buenos Aires é o 878.



Speakeasy?

Ainda que essa história tenha sido contada milhares de vezes e já seja difícil afirmar que o lugar continua sendo assim, o charme despretensioso do bar continua o mesmo. Uma casa simples e sóbria. Algumas mesinhas. Música moderna contrastando com a rusticidade dos tijolos à vista e um verde aqui e ali para dar uma quebrada.



A iluminação extremamente baixa combinada com os vários sofás disponíveis para grandes grupos se reunirem – ou algum casal mais atrevido -, e o que poderia ser visto como um ambiente escuro é na verdade um clima incrível.

 


A discrição com as luzes segue em iluminarias estilizadas como esta feita a partir de uma garrafa de Bols.

 


E da delicada chama dos copinhos de vela que repousam em cada mesa. Mesmo que o fogo consuma a cera muito rápido, legal notar que o staff do Ocho7ocho rapidamente aparece para repor com uma novinha.

 


O cardápio aqui é também foi feito com cuidado, por isso não se preocupe: caso venha para jantar, sente-se em alguma das mesas próximas à linda e imensa porta da casa.

 


E caso tenha vindo para beber, os meus efusivos parabéns, abraços, beijos e tapinhas nas costas.O lindo e poderoso bar, comandado por nomes como Elisa Cardinalli, Gustavo Santa Cruz, Javier Sosa e Julián Diaz, é, vejamos, como eu posso dizer... Sem dúvida, tranquilamente, sem pestanejar, dos três melhores bares da cidade de Buenos Aires.

 

Tragos e tragos


Longe de ser minha primeira incursão ao local, eu já sabia que vinha coisa boa pela frente. Logo, melhor começar com um forro amigo: bruschettas de presunto cru, tomates secos e rúcula.



 


Ok, situação regularizada, vamos aos fantásticos tragos. Primeiro, o Refresco N° 1: sake, lima, maracujá e menta. Sugestão: não use o canudo, caso não queira beber esse delícia em menos de 10 segundos, tal é a leveza da mistura.

 


Em seguida, o particularmente favorito Sofia: vodka, baunilha e gengibre macerado com suco de lima e cranberry. Meu sonho de consumo, meu desejo de casamento, minha fantasia sexual. Enfim, gostei.

 


Ainda rolou um Sgt. Pepper, com Pampero gold, Smirnoff de pimenta, morangos, menta e soda. Gosta de picantes? Eis o seu trago.

 


Seguimos com o Maracuyita, que levava tequila José Cuervo prata, Cointreau, maracujá e laranja. Meu sonho de consumo, meu desejo, meu... ok, calma, calma...

 


E para finalizar, um Mojito Royal, uma fantástica variação do clássico trago cubano que ainda leva espumante e maçã.

 


Garantimos ainda a sobrevivência com um novilho assado por 6 horas, macio e suculento, acompanhado de legumes assados e um par de molhinhos.

 


O incrível é o seguinte. Este Ocho7ocho foi um dos primeiros bares a ser visitado por nós. Passado um ano, e passados já mais de 100 outros bares que conhecemos, a casa continua sendo um destaque na capital portenha. Seus copos custando em média $40 pesos e mais uns $40 por pessoa para comer, este cantinho da pacata Villa Crespo não deve, sob hipótese alguma, não constar na lista de quem tem um mínimo de bom gosto hedonista. Vão!

Bom para: tragos criativos e uma incrível opção de whiskys
Ruim para: quem quer o óbvio
Bares escondidos: não tem como não gostar



Ocho7ocho
Thames 878 (esq. Loyola) – Villa Crespo
Cap. Federal – Buenos Aires
(11) 4773 – 1098
www.878bar.com.ar


Hoyt Premium Class | bebendo no cinema

Nós temos o costume de descrever esse espaço como algo além de bares e restaurantes. Criamos esse Cool Alcohol Moments que é para adesivar na cabeça de todo mundo que In Spirits envolve todos os lugares que propõe uma boa experiência social ao redor de um copo. Então está mais do que na hora de deixar isso bem claro com um exemplo o mais transparente possível: que tal ir tomar uma bebida no cinema?

Cinema Hoyt Premium Buenos AiresA rede Hoyts tem um complexo Premium localizado no shopping Dot Baires, uma proposta bacana para colocar a experiência cinematográfica “lá” em cima. Logo ao entrar, um lounge tão delicioso que quase perdi a hora do filme. Aqui já é possível pedir o cardápio, mas resolvemos esperar um pouco e apenas relaxar em um dos tantos sofás espalhados pelo ambiente finamente iluminado.

Cinema Hoyt Premium Buenos AiresMas lounge por lounge, temos aproximadamente 467 em Buenos Aires. O destaque aqui é a própria sala, e a primeira coisa que se nota é a pouca quantidade de assentos, inversamente proporcional ao tamanho das poltronas disponíveis para sentar – ou seria para deitar/morar/morrer e nunca mais sair dali?

Cinema Hoyt Premium Buenos AiresAlgo que me chamou a atenção é que a sala é enorme, cinemão mesmo. Talvez por esperar que essa proposta de atendimento premium tenha criado uma expectativa de lugar pequeno e acolhedor, a surpresa foi mais do que grata ao conferir que se tratava de um cinema imponente, tal qual sua capacidade visual e sonora, mas sem perder o charme na decoração.

Cinema Hoyt Premium Buenos AiresAqui todos os assentos estão dispostos da mesma maneira: um par de poltronas enormes com uma mesinha redonda entre elas. Ali na mesa já da para sentir a maldade, confirmada no cardápio que serve diversos pratos – pratos mesmo, não somente sanduíches e doces como em outros lugares.

Cinema Hoyt Premium Buenos AiresO conforto das poltronas é absurdo. Seja sentado, em uma posição mais reta, seja usufruindo da forma reclinada – algo instruído, entre outros detalhes do serviço da sala, por um concierge particular ao adentrar o cinema. Quem tem medo de pouco espaço entre as poltronas, fique tranqüilo: até um cara alto pode esticar as pernas a full que ainda assim fica longe de cutucar o companheiro da fileira à sua frente.

Cinema Hoyt Premium Buenos AiresPara completar o mimo, um botãozinho em cada poltrona utilizado para chamar o staff da sala a qualquer momento do filme.

Cinema Hoyt Premium Buenos AiresFácil mesmo: aperta o botão, e magicamente vem alguém engatinhando – sem atrapalhar a visão dos demais – para anotar o seu pedido. Como estávamos na expectativa do filme, resolvi matar a charada antes da sessão começar, aproveitando a luz ambiente para se deliciar no cardápio e já pensar, gulosamente, no quanto iríamos beber e comer na próxima visita ao Hoyt.

Cinema Hoyt Premium Buenos AiresComo se tratava de uma tarde frugal, pedimos um saco de pipoca pequeno (que se tratava, aproximadamente, de um saco do tamanho de um saco de lixo enorme) e uma garrafinha de Chandon rosé. Geladinho, brindamos aos cochichos para não atrapalhar o filme que já começara.

Cinema Hoyt Premium Buenos AiresSe fui pobre um dia, eu não lembro. Essa é a sensação que fica após essa experiência, pois, de nariz empinado e tom de voz arrogante, hoje posso dizer que ABOMINO os cinemas normais – e, aqui, leia-se “normais” daquela maneira pútrida, quase um esgar. Acho justíssimo o ingresso de $43 (R$20) e uma espumante por $35 (R$17) e, sinceramente, melhor do que isso, só se ainda fizessem uma massagem nos meus pés.

Cine Hoyt Premium Class
Vedia 3626 (esq. Melián) – Saavedra (Dot Baires Shopping)
Cap. Federal – Buenos Aires
0810 122 46987
www.hoytspremium.com.ar
Mapa

Bom para: entender que cinema é muito mais do que o filme
Ruim para: quem prefere cinema de pobre
Dúvida: será que ninguém realmente vai se importar se eu pedir um filé no meio do filme?

Leia em espanhol

White Bar | o bar do Hotel Madero

Quem já percorreu por essas páginas aqui antes já sabe: considero Puerto Madero um mundo a parte de Buenos Aires. É um bairro novo, moderno, limpo, pouco movimentado. Enfim, a perfeita antítese da agitada, caótica e clássica capital portenha. Mas em certos aspectos tudo se equivale. Na hora de montar um bar de primeira em todos os aspectos, não interessa se o bairro é Villa Crespo, se é na província norte, ou se é em Miami... digo, Puerto Madero. A excelência é lei e ponto final. Vide o White Bar do Hotel Madero.

White Bar Buenos Aires RestaurantO hotel, por si só, já é uma grande metáfora de representação do bairro. Um lobby clean, em que tons de violeta quebram o perfeito branco e servem de cenário não somente aos sofás destinados aos hóspedes, mas também a algumas esculturas e quadros que, se eu soubesse algo de arte além do “gostei; não gostei”, certamente teceria uma opinião crítica positiva pós reflexão das intenções dos artistas.

White Bar Buenos Aires RestaurantOs traços retos seguem em outras partes, como este balcão de mármore com bancos altos virado para os fundos do prédio que, parte por desatenção (leia-se “bebida”), parte pela escuridão noturna, não identifiquei o que era. Detalhe para a precisa iluminação do pilar. Certamente se eu andasse por ai com uma iluminação dessas, todo mundo me acharia um cara mais bonito.


White Bar Buenos Aires RestaurantNeste mesmo espaço, o que gosto de chamar de “sala do meu pai rico”. Um sóbrio móvel com poucos, mas finos objetos de decoração, e uma mesa de bilhar com o acabamento mais fantástico que eu vi no mundo. Não que eu tenha visto milhares, mas enfim.

White Bar Buenos Aires RestaurantDas seletas opções para relaxar e fazer um pedido, impossível não escolher o imenso sofá, cheio de almofadas tão sedutoras quanto... quanto... bem, quanto almofadas. O tampo de mármore servia de pódio para um discreto vaso de lírios. Não sei ao certo se eram lírios pois meus conhecimentos de botânica são deveras parcos, se alguém puder me corrigir, mando um abraço grande.

White Bar Buenos Aires RestaurantMelhor ainda é que tais sofás ficavam de frentes para o lindo e propriamente dito White Bar, tão cuidado que até as sombras das garrafas no teto pareciam fazer parte da decoração. Cenário não menos grandioso que o chefe da barra, Emiliano Carpentieri, que assina belíssimos drinks de autor por aqui.

White Bar Buenos Aires RestaurantEm uma total falta de respeito à bela obra de Emi, esta foi mais uma daquelas noites em que o nível de álcool circulando no corpo afetou certas percepções cognitivas. Ou seja, bebi pra caramba e esqueci de anotar sobre o que bebi. Acontece. Enfim, esta delícia aqui se chama Mann.

White Bar Buenos Aires RestaurantE esta outra, uma homenagem a Cami Chamorro, responsável pelo marketing do Hotel Madero, é o Chamilson. Se a querida equipe do bar tiver vontade, bem que poderiam nos passar aqui os ingredientes de cada um né? Diz que siiiiiiiim!

White Bar Buenos Aires RestaurantMesmo sendo famoso também pelo sushi servido por lá, a noite já se deu por perfeita com essa dupla de tragos por $60 (R$30). Seja para encerrar a noite e subir para um quarto do hotel, ou seguir rumo a outro destino de Buenos Aires, o White Bar fica como um marco da ainda remota zona sul da capital. Aquele tipo de lugar que diz: faça um esforço de vir até aqui, porque eu realmente valho à pena.

White Bar

Hotel Madero - Rosario Vera Peñaloza 360 (esq. Juana Manso) – Puerto Madero
Cap. Federal – Buenos Aires(11) 577 67677www.hotelmadero.com
Mapa

Bom para: quem ainda acha que em hotel só se bebe mini garrafinha de vodka
Ruim para:
quem tem preguiça de atravessar a cidade para beber

Bar branco: mas com toque de violeta