Às vezes, cara, você tem que ser tradicional. Você precisa do garçom de gravata borboleta que sabe qual é a sua mesa favorita, do cardápio que não muda desde 1712, do ambiente familiar. E em meio à dezenas de restaurantes trendy na minha amada Punta Del Este, surgiu aquela necessidade urgente de comer uma boa e velha parilla no El Palenque.
Aquela delícia de lugar clássico, de decoração que seu avô acha um charme. Local, aliás, onde é quase pré requisito ser avô para poder comer, mas sempre acomoda de braços abertos nós jovenzinhos.
Como toda boa parrilla, tudo aberto, entregue aos olhos e ao nariz do consumidor. Linda cena essa do braseiro estalando, o pernil de porco dourando, e umas garrafas no canto da foto me lembrando da sede que move minha vida.
E para fechar a rusticidade, presuntos lindos e inteiros pendurados como se fossem móbiles. Sim, o meu lado feminino sabe o que é um móbile.
Como vínhamos de uma longa estrada que cruzava Brasil e Uruguai, a fome era quase doentia a ponto de não dar pra se segurar com os pãezinhos com manteiga. Sorte, estavam mais quentinhos que conchinha no inverno com a namorada.
E, nem por isso, roubaram lugar das maravilhosas peças de costela e de entrecot que assavam em uma chapa de metal na própria mesa. Manja aquele som PRRLSHHPRLSH do suco da carne queimando no fundo no panela?
Infelizmente, a vinhota deixou a desejar. Um Sauvignon Blanc 2009 feito pela Tapiz, da região Argentina de Mendoza. Confesso: escolhemos pelo preço.
Ruim não era, mas olha a carinha dele na foto. Não conseguia competir nem com a Coca Cola gelada com limão que pedimos depois.
E como a fome é sempre boçal, uma salsicha parrilleira para completar os trabalhos. Diria que foi a salsicha da minha vida, em parte porque estava deliciosa, em parte para deixar o gancho da piadinha juvenil pra vocês.
O preço condiz com o nível de vida que estes tradicionais senhores sentados às mesas próximas: UY$1000 (R$85) por pessoa, um valor meio salgado para certos bolsos, mas que não foge da realidade do balneário uruguaio. E além disso, R$85 pela salsicha da vida é um preço até modesto.
El Palenque
Av. Roosevelt y Parada 6 - Cantegrill
(42) 494 257
www.elpalenque.com.uy
Bom para: carninha old school
Ruim para: celebrar a cena jetsetter de Punta
Vinho no churrasco: ainda não sei se é uma boa idéia
El Palenque: meu avô tinha razão
terça-feira, 11 de janeiro de 2011 - 05:05
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Geraldo Figueras
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Pelo Mundo
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4 comentários:
Já que falou em vovô...vou me meter nesse assunto, porque tradição (ou melhor dizendo: >> idade fast forward) é comigo mesma...
Putz, que beleza de carninha, heim? Ah...o El Palenque pra mim não tem erro; é sempre garantia de um bom corte. Se bem que prefiro o de Montevideo, sei lá, mais tradicional, né? Naquele mercadão, com cara de coisa antiga, coisa e tal.
Só acho que não combina com vinho. Sei lá, pra encarar uma carne dessas, só uma Coca estupidamente gelada, ou um chopp mesmo. Desce melhor. Ou então um tinto, no inverno. Mas isso deixo pros somelliers de plantão, ou com Mr. Spirit, que sabe das coisas.
Bora acelerar essa postagem, baby, que o ano já começou...
Estou curiosa, pra saber se teve pit stop em Baires...
Abração!
Clássico e clássico e vice e versa, já falou um filósofo da bola.
Mas na alimentação, muitos clássicos, estão digamos somente classudos, perderam o fio da história.
Nunca fui no El Palenque em Punta, mas a do Mercado em Montevideo é parada obrigatória.
Mas vinho branco com churrasco e salsicha parrilleira difícil de ficar bom.
Abraço!!
Ligia,
Não tive a sorte de conhecer ainda a versão da capital uruguaia, mas quem sabe em breve? ;)
Sobre Mr Spirits saber das coisas, se eu soubesse eu não tinha pedido vinho branco com costela :P
E postagens já estão em ritmo industrial. Aguarde ;)
Gustavo, mais um recomendando o de Montevideo, já me sinto na obrigação de conhecer! E concordo, a harmonização foi das mais infelizes. Mas eu arrisco, e quem arrisca volta e meia erra :)
Abraço!
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