Toda hora eu fico mal, toda hora eu bebo demais, e toda hora eu dou a desculpa de que é a trabalho. Como sobreviver? Muito simples: comendo feito um condenado. E aproveitando que toda hora preciso repor as energias, vamos inaugurar um o Post Ressaca: aqueles locais salvadores, com o ambiente e comida ideais para segurar a onda e botar o cara nos trilhos de novo.
Simplesmente não me canso de apreciar características italianas nos argentinos. Desde o falatório gesticulado, o fato de não saberem como fazer uma fila sem amontoamento, ou então aplaudir o piloto ao pousar um avião, não tem como esquecer que este é um povo que não nega sua ascendência. Mas poucas coisas me levam de volta à Itália como caminhar tranquilamente por pequenas vielas, sinal de tempos antigos mais simples, e encontrar ao acaso um restaurante tão simpático como o Báraka.
As sensacionais aberturas da casa conferem um delicioso calor natural ao aconchegante ambiente, e as enormes janelas transformam a área externa praticamente no quintal de casa. Que é o forte do lugar, absolutamente despreocupado em esmero na decoração.
Ainda assim, é possível observar o gosto de influências indianas que a casa apresenta, seja nas coloridas almofadas...
... ou na arte gravada na parede, adornando móveis sofridos com o tempo e coerente com o lado decadente da Índia. Ou é bobagem minha e um buraco no sofá não se aceita, mas eu to de bem com a vida.Descuido ou não, foi através do cardápio assinado pelo chef Germán Ortolá que ficou claro: a cozinha estava em excelentes mãos. Devagarzinho, chegou uma pequena cesta de pães com pasta de alho, levinha levinha.Para beber, uma jarra geladíssima de limonada fresca com maracujá. Casamento perfeito com o calor infernal que castigava o verão portenho, e de tão boa quase reprisei um certo momento cinematográfico da década de 80. Me controlei. Achei que pegaria mal.
Tá certo que fui facinho no suco, mas nem por isso não seria exigente com os pratos principais. E eles estavam lá, me encarando de frente, atentos ao meu paladar aristocrático. Menos, menos... Enfim, primeiro, o risoto del día, devidamente consultado com a simpática atendente que explicou: cogumelos. Se tava bom? Olha, era daqueles...
O outro prato era mais macio que edredom de pluma de ganso. Um cordeiro na brasa curtido no limão e especiarias, com cebolas carameladas e batata doce assada. Nunca imaginei que o limão fosse amigo do cordeiro, mas eles se deram super bem.
Com a fivela do cinto implorando por um buraco mais para a direita, fui inconseqüente na tradicional sobremesa argentina: um flan misto de creme e doce de leite, com chantilly caseiro, castanhas torradas e uma dose boçal de doce de leite, porque açúcar nunca é demais.
Um delicioso almoço em uma rua com cara italiana, de pratos franceses e decoração indiana. E o preço? De Alemanha pós-guerra. Um casal sai rolando do Báraka por $100 (R$50), mas sorrindo com a satisfação de um paladar agraciado e o desejo comum que a situação exige: uma siesta espanhola.
Báraka
Gurruchaga 1450 (esq. Coronel Cabrer) – Palermo Soho
Buenos Aires – Argentina
(54 11) 4834 – 6427
www.barakarestaurant.com.ar
Mapa
Báraka | ares indianos em Palermo
terça-feira, 11 de janeiro de 2011 - 05:38
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Geraldo Figueras
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Palermo Soho
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9 comentários:
muuito bom! Concordo plenamente contigo! Chego em BsAs dia 26/01 e fico uns 15 dias. Tens planos de ir prá lá nesta época?! Abraço!
Grande Marco! Infelizmente não, agora só em março apareço por lá :/
Abração
Tá certo que esse é um post ressaca, que eu também bebo demais e que, pra compensar, também estou comendo muito mais ainda, mas estou igual ao amigo do Frajola: "Acho que já vi esse postinho. Vi, sim. Juro que vi"
Mas, como a programação de férias da TV, vale a pena ver de novo...
Me pareceu muito bom.
Marco, aproveitando a carona (perdão, Geraldo), pra um recado: vou pra Baires também. Quem sabe marcamos um café? Ou uma cerva? Ou ainda um drink, entre tantos lugares bacanas, sugeridos por nosso amigo Spirits? Seria bacana, um encontro contigo e a Quéle.
Abração, pessoal!
Ligia, é um post que andou circulando por ai, dos idos tempos em que não tinhamos casa própria :)
E não preciso nem falar né, mas vou falar. Se rolar esse meeting, eu quero um relatório lindão pra postar aqui!
Com certeza vai acontecer! Já estou (re)vasculhando um certo blog espirituoso em busca de dicas, hehehe. Pena que o Geraldo não estará lá... Quem sabe agora ele muda de idéia? Alô Amanda, faz um lobby aí! hehehe! Abração!
A equipe toda está fora de Bs As, Marco. Por isso precisamos de vocês ;)
Siiim, precisamos de vcs enquanto eu uso um barco pra sobreviver nas ruas de São Paulo!
No que depender de mim, relatório é o que não faltará!
Até sugiro que leve um apito, Marco, para controlar minha verborragia. Se digitando, eu sou prolixa, ao vivo, e à cores, por vezes tenho que ser interditada...hahahaha.
Pena mesmo, você não poder estar na barra, ou mesa de encontro, Geraldo...
Mas como estou devendo uma visitinha em POA, quem sabe então a gente marca um mega congresso aí?
Um abração!
Opa! Tamo junto :)
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