Existe a Mendoza típica turista, dividida entre os passeios pelo centro da cidade e visitas às grandes vinícolas como a Norton, verdadeira potência da indústria de vinhos. Mas outra idéia bacana para curtir a região mendocina é se instalar em uma província, pegar uma bicicleta e curtir com mais calma, como é possível em Chacras de Coria.
Após uma extensa pesquisa sobre as principais bodegas argentinas, acabamos conhecendo uma pela boa e velha indicação boca a boca: Clos de Chacras.
Logo na chegada já é possível observar os vinhedos secos, típicos da época, em um espaço bem reduzido. É porque a Clos de Chacras é uma vinícola boutique, produzindo vinhos em baixíssima escala e priorizando o trato de cada garrafa.
O conceito é tão forte que os próprios donos moram no terreno, em uma bela casa com vista para a plantação.
A idéia era fazer um típico tour pelas instalações antes de sentar para comer e beber, e assim nos aventuramos nos gelados corredores de pedra onde ficam os tanques.
Descendo mais alguns níveis, uma sala com barricas de carvalho onde os vinhos envelheciam.
E o absurdo da charme das anotações feitas a mão, com giz de cera.
Mais profundo ainda, garrafas delicadamente repousando umas sob as outras, naquela rusticidade que é o vinho ainda sem rótulo.
E a grossa camada de poeira mostrando que a bebida está relaxando ali faz um bom tempo.
Neste caso, há 5 longos anos.
E é basicamente isso, turnezinha rápida e charmosa, sem passar por quatrocentos processos industriais das grandes bodegas. O que, na minha modestíssima opinião, era excelente. Por que? Porque deixava mais tempo para curtir a boa mesa da vinícola.
Para não confundir o cliente, nada de restaurante com nome diferente da bodega. Oba, adoro quando as coisas são mais diretas.
O restaurante tem a cara do lugar: pequeno e acolhedor. Poucas mesas, decoração sóbria, e uma maravilhosa iluminação natural devido às imensas aberturas da casa.
No canto oposto, deliciosas poltronas de palha próximas à lareira. Dá para imaginar tranquilamente enfileirar umas quantas várias garrafas aqui.
Como algumas dessas dispostas em um armário.
Outra opção é aproveitar o deck da área externa, nos dias em que o frio das montanhas não queira te esfolar a cara. Infelizmente, não era o caso do dia em que fomos, em que nem o vento me deixou tirar a foto sem antes derrubar algumas taças.
E a cozinha do Clos? Ok, vejamos. Pão fresco, da própria casa.
Para acompanhar uma salada caprese, maravilhosa na sua simplicidade: tomates, mussarela de búfala e manjericão, acompanhados de uma leve geléia de pimenta.
O prato principal foi um filé de porco assado com farofa de especiarias e purê de abóboras. Macio, suculento, e enorme o suficiente para um casal dividir.
E... surpresa! Contrariando a regra, a garrafa escolhida não foi da casa (que levamos depois de presente, não se preocupem), mas um belo Chardonnay 2006 Andeluna reservado, da província vizinha Tupungato.
Uma experiência boutique que agradou do início ao fim, e que muito me faz pensar se eu não deveria largar a fúria da vida urbana e viver em um lugar assim. Mas devaneios a parte, pagamos a conta levinha de $120 (R$60) para o casal, pegamos nossas bicicletas e saímos como uma cena de filme da década de 50.Só faltou a trilha sonora.
Clos de Chacras
Monte Líbano 1025 – Chacras de Coria
Lujan de Cuyo – Mendoza (Argentina)
(54261) 496 1285
www.closdechacras.com.ar
Mapa
Bom para: fugir do circuito das grandes vinícolas
Ruim para: quem quer fazer o Disneytour das bodegas industriais
Bicicleta depois de beber: não. Não, ok?
Clos de Chacras: vinícola boutique
domingo, 17 de outubro de 2010 - 11:18
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Geraldo Figueras
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Argentina,
Beber e comer,
Calmo
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9 comentários:
Eu quero muito!!! Tentamos ir em um Bodega menos com esse clima mais artesanal, mas nos perdemos :P
Mais um motivo pra voltar pra Mendoza.
Acho que valeria uma visitinha no verão pra aproveitar o ar livre!
Ops, onde escrevi menos era menor. Sorry
Melissa,
Nós nos perdemos, não achamos vinícolas e/ou demos de cara com portas fechadas nas grandes!
Mendoza no verão/primavera deve ser excelente mesmo. Saudades :D
Rrrrrrrrrrrrrrrr.....
Tô começando a "garrar" um ódio desse blog.....arrrghhhhhhh...
Esse tour mendocino foi demais, heim, dupla?
Primeiro o Cavas Wine Lodge, e agora essa pintura, de dar inveja até em anjos e santos...
Você estão abusando do direito do consumidor, ops, do leitor, em acompanhar, se deliciar, e se torturar com postagens assim.
Caramba! Num mesmo espaço, temos o campo; paisagens bucólicas; bicicletas; aiii...essa cave com um clima geladinho, produção artesanal; restô friendly com comida idem...
E last but not least, ainda diz que o programa terminou como num filme da década de 50, ou seja, bem romântico, com o casal flanando de bike..."Raindrops keep falling on my head". Paul Newman/Butch Cassidy, te cuida!
Meu Deus, isso é muita maldade. hehehe.
Minha vingança é essa: falar pra caramba aqui, e torturar vocês dessa maaneira. hahaha
Sério agora: uma maravilha de post e viagem!
Beijos.
P.S.: e esse rio, ou laguinho, atrás da varanda? não falou nada about it?
Ligia, sacanagem é quando tu não comenta! É sempre um prazer parar alguns minutos para ler teus comentários.
Sobre o laguinho: é algo em comum em todas as vinícolas, então deve ser alguma coisa técnica que não me explicaram, não perguntei e não fui pro Google pra descobrir :D
ah, Mendoza.... me apaixonei de um tanto por esse lugar!
Lu, Mendoza é apaixonante mesmo!
Saudades.
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