Ah, os turistas. Aquele tipo que acha tudo lindo simplesmente porque está de férias, que acha graça em ser mal atendido por que é pitoresco, e que abre a carteira como se dinheiro desse em árvores. Presa tão fácil do ganancioso, que inventa qualquer empreendimento com “a cara” do turismo local e conta com as levas e levas de excursões para garantir o seu sustento. É por essas que sorrio com deliciosa satisfação ao botar os pés em lugares como El Regional.
Afinal, para os desavisados, a casa parece seguir a fórmula do aconchego patagônico que todos anos é desejo de consumo de milhares de pessoas. Construção que privilegia o uso de pedra e madeira lenga, barris, esquis antigos, chaleiras e toda a sorte de objetos antigos criando um clima mais intimista. Tudo com a cara do dono que, atencioso, parecia que a objetivo mais importante da vida dele era conseguir uma mesa que agradasse a todos.
O que só foi possível graças a disposição do mesmo e sua destreza em movimentar os entulhados móveis da casa, uma vez que a fama do restaurante garantiu que a maioria dos assentos estivessem reservados.
Como um nome desses, era óbvio que a noite seria longe de um dry Martini. A região, famosa por suas cervejas artesanais, de diversos sabores, mostrava sua cara no simpático quadro negro que quase sumia em meio aos quatrocentos e noventa e oito objetos que decoravam o salão.
Depois de um dia longo dia na neve, de pernas doloridas e uma sede desértica, entornar doses etílicas sem uma senhora guarnição parecia o suicídio definitivo. Logo, nada melhor que uma colossal Gran Tabla de la Patagonia. Acomode-se e inspire fundo: presuntos de cervo, javali, salmão e truta defumados; patês de cervo e truta; salames de cervo e javali; enroladinhos de queijo patagônico com cervo, javali e salmão defumado; e queijos defumado, cordilheiro com orégano e regional com pimenta moída. Respire novamente.
O delicioso prato era uma praticamente uma ode ao sal, o que casou perfeitamente com a curiosidade de experimentar uma gelada diferente. Primeiro, uma cerveja com framboesa.
Eu, particularmente, prefiro minhas framboesas numa calda com sorvete, mas vale pela experiência. Um pouco menos audaz na próxima pedida, sentou-se à mesa uma cerveja de trigo, e agora assim estávamos em casa.
Detalhe que a tábua era tão grande que poderia ser usada como prateleira, logo o preço de $86 (R$43) deve ser dividido entre até três pessoas. Mais $16 (R$8) cada cerveja e temos um final de dia típico, mas longe de ser uma temerosa e escusa armadilha turística.
El Regional
Gral. Villegas 965 – Centro
San Martin de los Andes – Neuquén, Argentina
(02972) 42 53 26
El Regional e suas cervejas patagônicas
terça-feira, 4 de maio de 2010 - 06:09
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Geraldo Figueras
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Argentina,
Beber e comer,
Calmo
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6 comentários:
Spirits,
Só hoje descobri o charme trilingue de seu blog! Cara, só um "esnobe" "burgues", para um up desses!
Muito cool; a sua cara!
Esse post tá incrível!
San Martin já é tudo de bom, e com frio e essas bebidinhas (e comidinhas), então!?
Um primor; patagonicamente falando.
Beijos
Pra ser esnobe tem que falar muitas línguas mesmo hahaha
Beijo!
Esnobeira, belo post.
O lugar tem charme mesmo sendo turistada. Gostei. A decoração con"fusion" é tragicômica.
Pena que nesse dia já não tinha mais fígado pra beber por lá. Mesmo assim, a bicada que dei, valeu a pena na cerveja de trigo, mas a de framboesa...Nada a ver. Muita invenção pro meu gosto.
Abraço
Decoração con"fusion". Fabres, cunhastes belo termo.
estou indo pra buenos aires amanha e peguei algumas dicas da night de B.A., mas gostaria de confirmar com voces se essas sao as melhores opçoes ou nao.. dia de quarta- terraza, quinta- asia de cuba, sexta- crobar, sabado- terraza de novo e domingo- plaza cerano! ta legal ou preciso mudar algo???
Oi Leticia
Não recomendo Crobar, acho bem fraca, mas bem fraca mesmo. Asia de Cuba não sei como anda.
Experimenta 6a no Kika, sábado na Jet. Na Serrano tem um agito, mas o bar mais bacana é o Mundo Bizarro.
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