Se preparar para um feriado é sempre uma tarefa complicada, ainda mais quando se trata de uma cidade com uma enormidade de boas opções como Buenos Aires. Impossível se livrar da sensação de que sempre há alguma outra coisa para fazer. Pior ainda é cair em uma furada, ou ir em um lugar bacana no dia errado. Fica aquele gosto amargo de “perdi preciosos minutos”.

Pensando nisso, o queridão In Spirits preparou 3 roteiros bacanas para quem chegar na cidade já na 4ª feira, véspera de feriado: o Cool Spirits, o Party Spirits e o Placid Spirits, todos de acordo com as melhores opções para cada dia.

O Cool Spirits é um roteiro para quem quer lugares bacanas, boas bebidas, pessoas circulando, grupos de amigos, etc. Um roteiro nem muito agitado, nem muito quieto.

O Party Spirits é uma esbórnia, para quem tá pela correria. Lugares para tomar algo enquanto troca olhares, telefones e sabe-se lá mais o que.

E o Placid Spirits é para quem quer sossego. Longas conversas em lugares calmos enquanto os copos são tranquilamente vertidos, sem pressa, sem tumultos.

Isso significa que estes são os roteiros definitivos de Buenos Aires? Não! É possível não ir em nenhum dos lugares listados e ainda assim ter uma experiência incrível na cidade, tamanho o leque de opções que a capital portenha oferece. Mas os roteiros a seguir levam o selo In Spirits, assim, vai que é tua!

Cool Spirits

4ª – Comece o feriado dando um pulinho no Sipan, aqui em uma versão mais urbana e agitada que a filial de Punta.

5ª – Uma noite esticada no Ocho7ocho, com um longo cardápio de tragos de autor e drinks clássicos.

6ª – Opções com um toque oriental são o forte no peruano-japonês Osaka, no sempre cool Palermo Hollywood.

Sáb – Dizem que o Milion decaiu muito. Se é verdade, então o passado dele era algo dos deuses. Vá sem medo de ser feliz.

Dom – Finalize a semana no autêntico mexicano Lupita, prove alguns dos criativos drinks ou peça um de tantos tequilas exclusivos da casa.


Party Spirits

4ª – Coloque seu nome na lista por aqui e chegue cedo no Terrazas del Este, até umas 20:30h, para uma das festas mais concorridas da cidade. Homens: obrigatório sapato e camisa!

5ª – O descolado Sabbia pode começar como um jantar tranqüilo, mas bomba mais tarde. Mulheres comparecem em peso.

6ª – É o esquenta oficial antes de seguir para baladas mais fortes. Bom chegar cedo no Congo se não quiser pagar consumação (jura, vai acabar bebendo igual...)

Sab – Durante a semana o Le Bar é bem sossegado, mas sábado é sempre dia de festa com algum DJ bacana.

Dom – Quer encher a cara com dose dupla das 20h até a meia noite ouvindo um bom rock? Sugar Bar é o lugar. Vale lembrar que nas quintas-feiras mulher bebe de graça!


Placid Spirits

4ª – Excelente cardápio, ambiente lindão e um maravilhoso jazz ao vivo fazem do Gran Bar Danzon uma escolha certeira.

5ª – Seja no salão interno, seja no jardim, uma boa garrafa de vinho no Cluny ou um trago de sua bem armada barra é a pedida para uma noite típica de Palermo.

6ª – Se atire num dos gostosos sofás do Mott e curta com calma um dos tantos mojitos servidos neste bar.

Sab – Para quem quer fugir da turistada típica de Puerto Madero, o Chila é uma das opções mais elegantes para aproveitar uma curtida e tranqüila noite.

Dom – O bar do hotel boutique Home Buenos Aires convida a uma tarde de ócio com criativos drinks de autor servidos em um sossegado jardim.

E ai? Conhece alguma boa que ficou de fora? Não esquece de nos contar!

Não escondo que sempre estou procurando coisas diferentes para se conhecer. As novidades sempre me atraíram com aquela adrenalina que a incerteza causa no ser humano, algo que muitos repudiam mas que eu, particularmente, considero atraente. Porém, e tudo tem um porém na vida, não dá para negar que, de vez em quando, é essencial retornar àquelas situações bem conhecidas, confortáveis e previsíveis. E é no previsível de um punhado de clichês que se encontra a felicidade no Café Flo.

Esse curinga de Punta del Este, apesar de ter café no nome, deixa bem claro no seu balcão principal que alcohol hunters como eu também tem seu lugar garantido aqui. A qualquer hora do dia, afinal, não existe hora certa para beber, não é? Mas vamos, ao menos por enquanto, ignorar a barra da mesma maneira que as mesinhas da entrada foram esnobadas, e absorver mais alguns detalhes antes de seguir.

Aqui, o meu pedaço favorito do Flo: confortáveis sofás e poltronas com uma janela de ponta a ponta, emoldurando o espaço com uma linda vista para a Posta del Cangrejo, um pedacinho semi-particular da Barra. Mas não me senti a vontade, após uma longa estadia na praia, em me sentar em móveis fofinhos e brancos. Tava naquele grude pós-praia, manja?

Por sorte, havia um belo deck com mesas esperando os clientes com cheiro de protetor solar, assim que sentei e fiz um pedido relâmpago, sem prestar muita atenção em todas as opções do cardápio: um sanduiche com salmão defumado, quejo brie, mel e cebolinha. Ao mesmo tempo intenso e suave – ou talvez eu não saiba diferenciar mais nada -, e incrivelmente saboroso.

E como não brindar com esse símbolo de Punta: uma jarra de clericot mais fotogênica que a Gisele Bündchen. O brilho das taças, o colorido das frutas, o perfume do vinho... tudo conspirando em favor do selo Punta del Este.

Ao final, fazemos as contas: UY$580 (R$55) a menos na bolso, compensados com uma daquelas lembranças que sempre voltam nos momentos mais chatos e obrigatórios da rotina de cada um. Ah, que saudades daquele clericot...

Café Flo
Ruta 10, km 161 - La Barra
Punta del Este - Uruguai
(042) 771481

Pegue os seus óculos, aumente o brilho do monitor e se prepara uma última navegada por páginas in spirits cujas fotos parecem ter sido tiradas por um orangotango vesgo dentro de uma caverna. Sim, começar o texto se desculpando é de um baixo nível que não condiz com minha altivez dinamarquesa (oi?), mas hoje abro uma exceção porque o meu péssimo manejo com a câmera faz um desserviço a este lugar bacana que é o Congo.
Certamente um dos lugares mais concorridos de Palermo, o Congo é um lugar que mantém boa qualidade na cozinha, no bar, no ambiente e na música. O bar, extremamente concorrido, apresentava opções bem variadas, mas todas muito simples. Era bonitão. Ui!
Como não havia lugar junto às garrafas, fui conhecer os demais ambientes. Pela foto abaixo, posso dizer que tal ambiente se tratava de uma sala rosa com papel de parede zebrado e garotas em trajes sumários em performances de pole dancing. Mas vou ser honesto e falar para vocês o que a foto não diz: uma sala somente com sofás de couro e pequenas mesas de madeira adornadas com velas.
O salão maior era propício para experimentar a cozinha do Congo, com suas mesas tradicionais e um espaço mais iluminado. Olhando a foto, pode-se dizer que o lugar era exclusivo de mulheres, mas no geral a casa estava com uma proporção igual de boys & girls.
A foto seguir, tirada dentro de um túnel soterrado...digo, no jardim dos fundos, mostra o aconchegante canto com bancos de madeira e mesas reservadas, com uma parede estilosa de tijolos de demolição dando um toque a mais.
Mas a verdadeira razão de ser desse espaço é o ver e ser visto. Muita gente de pé, copos na mão, conversas em grupos pequenos, olha daqui, olha dalí, gostei de ti, oi, tudo bom, qual o teu nome, sério mesmo porque eu já estudei lá também, tá mas e por que tu desistiu, etc.
Jogo rápido, provei apenas um drink que não lembro o nome, e que lembrava um mojito. Mas era basicamente feito com suco de limão, um punhado colossal de hortelã e Gancia.
Ao final, Congo é mais um daqueles bares de Buenos Aires bem estruturados que vira ponto de encontro de centenas de portenhos, quer seja para tomar algum drink de $20 (R$10), quer seja para ver quem está pela área. Pronto, agora pode relaxar os olhos e limpar as lágrimas de esforço para tentar compreender esta apresentação lamentável de vosso interlocutor. Mas não me abandonem!
Congo
Honduras 5329 (esq. Godoy Cruz) – Palermo Soho
Cap. Federal – Buenos Aires
(11) 4833 – 5857
no Facebook
Mapa

O cara caminha pelas ruas, conversa com os locais, faz negócios, troca uma idéia. Enfim, socializa. O cara que socializa, volta e meia escuta um termo interessante, às vezes é algo unanime, outras nem tanto. Palermo, tido por muitos como O bairro de Buenos Aires, acabou cunhando, sem intenção, uma das palavras mais interessantes que escutei por ai: palermitoso. Para o bem ou para o mal, é possível dizer que é algo é palermitoso. E em uma dessas caminhadas despretensiosas pelo bairro, acabei entrando no palermitoso Limbo Club.

Olhando mais de perto, é só puxar o caderninho de notas, carinhosamente apelidado de Eu Sou Palermo, e marcar os itens que constam na lista. Mesas na calçada? Check. Conversas animadas? Check. Decoração bacana? Check. Ok, já pode-se dizer que é 34% palermitoso.

Entramos na casa e, mais uma vez, puxo o caderninho: grupos de amigos portenhos se reunindo? Check. Estrangeiros de todos os lados? Check. Diferentes tipos de mesas, cadeiras, sofás, e etc? Check. Música lounge (por favor, longe dos discos de electro-bossa tocados a exaustão)? Check. Alguns olhares curiosos quando eu puxo a câmera? Hum, ok, isso acontece em todos os bairros.
Aquela atenção especial a todo cantinho da casa, como essa micro sala entre a escada que acessa o terraço e o corredor para os banheiros? Check.
Finalmente, um terraço amplo, com uma vista bacana da cidade para aqueles que querem curtir a noite ao ar livre? Ch-ch-heck.
Ok, até eu já me irritei com essa história de check list. Acredito que todos já entenderam a idéia então vou parar. Ao invés do caderninho, vamos de cardápio e sua boa variedade de appetizers e tragos, alguns de autor. Nada muito inventivo, vamos hoje de espetinhos de frango grelhado com molho tártaro. Tinha gosto de... espetinhos de frango grelhado com um molho...meio... tártaro.

Bebidas, bebidas, bebidas. Difícil escolher, uma vez que a carta apresentava uma boa quantidade de receitas interessantes. Mas sou corajoso, sempre, as vezes meio freak. Então, primeiro, um Freak Mango, com Absolut Mango, suco de laranja, limão e xarope de açúcar. Ficarei quieto por alguns instantes.
Na sequência, o Hasta Siempre, com Pampero Gold, gengibre, folhas de menta, folhas de manjericão e club soda.
O veredicto? Estavam... palermitosos, eu acho. Poderia ser melhor, mas será que não era uma noite a parte? Ou será que o bar é realmente palermitoso no sentido pejorativo do termo, dando a conotação que os mesmos $25 (R$13) pagos em outros lugares são mal investidos aqui? Oh dear God, what to do, what to think?


Limbo Club
Costa Rica 4588 (esq. Armenia) – Palermo Soho
(11) 4831 – 0459
www.limboclub.com.ar
Mapa

A fórmula não é mágica, apesar de certeira. Não é o tipo de empreendimento que todos copiam, mas deveriam. Manja aquela casa antiga, do início do século passado? Compra ela, reforma, decora, monta um restaurante, contrata um staff de primeira e pronto. Ok, não é assim tão simples, mas segue comigo e me diz que não gostaria de ver mais lugares assim como o Milion?

Logo ao entrar já é possível sentir a opressão magistral da casa. Sigo reto até o próximo salão? Sento em uma das mesinhas expostas no jardim ao fundo? Subo as escadas? Subo as escadas. E subo mais um andar para fazer o tour completo antes de sentar, aproveitando cada clássico detalhe do pé direito descomunal e a decoração simples, apenas um mero suporte à beleza da própria casa.

Vamos rápido até o último andar conhecer os “quartos”, com seus sofás e pufes displicentemente espalhados por esse espaço mais intimista do Milion.
Pausa para foto do cantinho com algumas poltronas mais modernas e artes de porcos, cachorros e... gueixa? Chapeuzinho Vermelho?
Bom, de volta ao primeiro piso, sentamos no jardim onde imperava um clima extremamente descontraído. Música baixa, conversas mais comedidas e muito verde compunham um cenário inspirador. Mas vocês me conhecem, eu não amo fotografia com flash. Quando chegaram à mesa algumas tapas, a frustração de não conseguir tirar uma fotinho decente foi maior. Maior também foi a sede, que me impede de lembrar que diabos tinha nesse prato.
Por motivos de produção, claro, fomos para o segundo andar. Ainda deu de tempo de espiar a agitada barra, enxuta e compacta, mas com um poderio brilhante nos drinks como veremos a seguir.

O salão principal tinha essa mistura de mesas comuns como outras mais baixas, outras mais altas, sofás enorme, poltronas menores e assim por diante. O clima aqui já era típico dos amigos que saíram do trabalho ou faculdade e queriam botar o assunto em dia.
Começamos então o In Spirits Way of Life vertendo um saborosíssimo Frozen Mojito. Olha, de se ajoelhar no chão aos prantos e acreditar que existe algo maior que a vida.
Seguem-se os trabalhos com um Daiquiri de Morango, executado com perfeição mas que acabou sufocado pela onipresença do drink anterior.
Amigos meus sempre dão risada da minha cara porque sou sempre eu quem pede um drink de mulher. Ciente disso, mandei todos pra *#^%@ e fiz como a Carrie: um Cosmopolitan, a bebida das girls de Sex and the City que leva vodka, Cointreau, suco de cranberry (oxicoco né) e suco de limão.
Claro, depois dessa tinha que limpar a minha barra e provar que sou macho né? Assim, pedi um barril de rum. Não, na verdade fui numa gloriosa mistura de um Daiquiri de Manjericão.
Drinks fantásticos a $25 (R$13) cada copo, o Milion também tem uma cozinha excelente chefiada por Ariel Risso, mas a comida eu deixo que outros cuidem. Afinal, tantos excelentes bares da cidade de Buenos Aires merecem a minha total atenção, ou eu não terei nem metade das experiências que ambiciono até o final dos dias.

Milion
Paraná 1048 (esq. Santa Fé) – Microcentro
Cap. Federal – Buenos Aires
(11) 4815 – 9925
www.milion.com.ar
Mapa

Assim como Nymmo Bay e seus lagos canadenses, ou a charme invernal de Chamonix e suas ruelas cercadas por montanhas, a Patagônia argentina (e chilena, claro) é um dos grandes cartões postais do planeta. Daqueles lugares que a maioria dos turistas um dia marcam na sua agenda de “oba, quero ir”. Atraídos pelo encantamento de pequenas cidades com Bariloche, San Martin de los Andes, Pucón e tantas outras, o frio, a neve, o vento penetrando as grossas camadas de roupa: tudo isso se transforma em um atrativo extremamente tentador.

Mas claro, o grande prazer em passar frio é poder se esquentar depois. Que tal o Abuela Goye para acalentar a alma e descongelar os dedos antes da gangrena? Claro, é de se esperar que todos os cafés e restaurantes patagônicos venham com aquele charme pré-fabricado, a típica madeira lenga, e a Abuela mantém a tradição. No mais, pequenas mesas e uma gama incrível de deliciosos chocolates, além de das próprias louças disponíveis para venda.

Foco exige sacrifício, já dizia um grande filósofo e amigo meu. Assim, nem na casa da vovó vamos deixar de experimentar um traguinho, certo? O sorriso ficou imediatamente maldoso ao notar as garrafinhas de licor de chocolate a venda entre tantos outros produtos interessantes.

Mas antes, um sanduiche com presunto cru, alface e tomate. Fresco, simples e saboroso.

Lembra do licor? Aqui estava ele, sorrateiramente disfarçado entre um capuccino com chocolates, chantily e cobertura de ramas, no intenso Café Abuela Goye.

As simpáticas mozas do local ainda sugeriram um Chocolate Nevado, basicamente o mesmo do anterior mas com chocolate branco. Obviamente mais doce, e na minha modesta opinião, um dos raros excelentes usos da variação alva do choco, com o licor contrastando com a possível doçura em demasia.

Admito que não estava preparado para pelo cavalar dose de álcool dos cafés (nunca suspeitei que vovós fossem mal intencionadas). Assim pedi clemência à glicose: brownie de chocolate recheado com geléia de nozes e açúcar de confeiteiro.

Após uma conta de $60 (R$30), é claro que é possível uma experiência zero etílica na Abuela Goye, mas o supra sumo do aquecimento corporal sempre passa por uma dosezinha. Entendem agora o por quê de beber? Com tais receitas, já estava pronto para esquiar sem camisa.

Abuela Goye
Av. San Martin 807 – Centro
San Martin de los Andes – Neuquén
(02972) 42 94 09
www.abuelagoye.com.ar